Há quase 30 anos, o campeão olímpico de pentatlo moderno Mauro Prosperi desapareceu durante a Maratona dos Sables, no deserto de Marrocos. O italiano, a quase 300 quilómetros do percurso, vagueou durante 10 dias pelas areias sem água, comeu morcegos, bebeu a sua própria urina e, de alguma forma, sobreviveu milagrosamente.
Caminho para o ouro
Prosperi entrou no pentatlo moderno por acaso. Aos 7 anos, ele e o pai, um verdadeiro italiano, foram inscrever-se na secção de futebol, mas verificou-se que o jogo não se realizava nesse dia. No caminho de regresso, Prosperi sénior encontrou um amigo que trabalhava como secretário na Federação Nacional de Pentatlo Moderno, que lhe fez uma apresentação tão boa do seu desporto que o rapaz quis experimentar.
Prosperi admitiu que era o melhor a correr, mas não esqueceu os outros desportos (esgrima, saltos para a água, tiro, natação). O italiano admirava o pentatleta soviético Pavel Lednev, que competiu em quatro Jogos Olímpicos e ganhou duas medalhas de ouro, duas de prata e três de bronze. “Nos primeiros anos, quando já tinha chegado à seleção nacional italiana, tive muita sorte – conheci-o e tive a oportunidade de lutar com um atleta de tão alto nível. Estudei a sua técnica durante muito tempo e aprendi muito”, disse Prosperi numa entrevista
Após os seus primeiros êxitos desportivos, Prosperi recebeu uma proposta de contrato do clube desportivo Fiamme Oro, propriedade do Ministério do Interior. O italiano aceitou a proposta e começou mesmo a trabalhar como polícia para obter um rendimento extra. A estreia do pentatleta nos Jogos Olímpicos poderia ter tido lugar em 1980, em Moscovo, mas a Itália, juntamente com outros países ocidentais, boicotou o torneio. Quatro anos mais tarde, os Jogos Olímpicos de Los Angeles foram boicotados pela URSS e pela maioria dos países socialistas, o que permitiu que os pentatletas italianos tivessem um desempenho triunfante.