Em todo o caso, se deixarmos para trás a tendência para a revisão ética de obras passadas, “Rain Man” e a história da sua criação foram e continuam a ser para os cineastas um verdadeiro manual de trabalho bem sucedido com temas complexos
A inspiração de Morrow veio da sua amizade com Bill Sachter, que conheceu em meados dos anos sessenta numa festa de Natal onde Sachter trabalhava como lavador de pratos. Bill viveu num manicómio durante trinta anos e só em 1964 conseguiu sair e arranjar emprego como operário num clube de campo. Morrow tornou-se o tutor de Sackter e, passado algum tempo, viu-se obrigado a raptar Bill do hospital para lhe salvar a perna. Morrow escreveu o argumento do filme biográfico Bill, no qual o seu alter ego foi interpretado por Dennis Quaid. Os dois Globos de Ouro que o filme recebeu deram-lhe mais motivação para explorar a vida das pessoas com deficiências mentais.
Assim, Barry conheceu Kim Peake – um homem com síndrome de savant, que conseguia ler uma página de um livro com o olho esquerdo e a outra com o direito. Era capaz de memorizar o texto que lia em dez segundos, mas, de resto, era completamente incapaz e foi cuidado pelo pai durante o resto da sua vida.
